segunda-feira, 17 de junho de 2013

AO MESTRE COM CARINHO

(Uma simbólica homenagem a nós, educadoras e educadores, que não perdemos a esperança e sabemos que fazemos a diferença na vida dos nossos alunos, mesmo que muitas autoridades digam o contrário. Abraços!)
OLHAR DIFERENTE
Enquanto educadores buscamos a qualidade de nossas aulas sempre lendo, aperfeiçoando através de cursos, pesquisando, preparando nossas MEGA aulas, além de querer bem aos nossos alunos. Respiramos fundo e entramos em sala de aula achando que vamos “ARRASAR”. E, quando não acontece o que esperamos, ficamos até depressivos. Buscamos a compreensão até nos valorosos pensadores que não são da área da educação. Vamos tão longe... sedo que a resposta está na nossa frente: precisamos ter um olhar diferente para o nosso aluno, ler o nosso aluno, ouvir o nosso aluno para que possamos entendê-lo e aí sim conseguiremos atingir o nosso objetivo. O aluno fará sentido, assim como nós e a matéria faremos sentidos na vida dele. Assisti este vídeo de Gabriel Perissé (5min.), gostei e espero que vocês gostem. 

domingo, 16 de junho de 2013

APRENDIZAGEM

Lição de casa: um dever para todo dia
A tarefa de casa é uma atividade importante para a formação dos estudantes - e deve ser incentivada por pais e professores
                                                                    
Qual a importância da lição de casa? Quanto tempo o aluno deve se dedicar aos estudos fora da sala de aula? É mesmo fundamental haver lição de casa todos os dias? Como os pais devem ajudar nas tarefas? O que fazer quando o estudante tem dificuldade para fazer os exercícios propostos pelos professores? Essas são algumas dúvidas que atormentam tanto os estudantes quanto seus pais no dia a dia da escola. Lição de casa é um assunto sempre controverso, pois escolas diferentes seguem procedimentos distintos. O importante é que tanto alunos quanto pais saibam que a rotina de estudos não acaba na porta da escola, após quatro ou cinco horas diárias de aula. Em casa, o estudo deve continuar, sob a forma da lição de casa - também chamado de dever de casa ou tarefa de casa.
"As funções da lição de casa são sistematizar o aprendizado da sala de aula, preparar para novos conteúdos e aprofundar os conhecimentos", explica Luciana Fevorini, coordenadora de ensino fundamental II do Colégio Equipe, em São Paulo. "Analisando os exercícios que os alunos resolvem sozinhos em casa, o professor pode descobrir quais são as dúvidas de cada um e trabalhar novamente os pontos em que eles apresentam mais dificuldades."

"O grande desafio do professor é fazer com que o aluno consiga atribuir significado à lição de casa", diz Eliane Palermo Romano, coordenadora pedagógica da Escola Comunitária de Campinas. "O aluno precisa perceber a função das tarefas para que compreenda sua importância", reitera Cleuza Vilas Boas Bourgogne, diretora pedagógica da Escola Móbile, de São Paulo.
Marina Azaredo


Fonte: educarparacrescer.abril.com.br




Boa tarde pessoal,

  Quem tiver interesse, segue a sequência didática da crônica "Recado ao senhor 903" de Rubem Braga.
  Um ótimo trabalho a todos!

Contextualizando a vida em sociedade
¢  Você mora em casa ou apartamento?
¢  Como é o relacionamento com os vizinhos?
¢  Existem regras para o relacionamento entre os vizinhos, mesmo que não sejam escritas?
Localizando informações
O narrador do texto é morador de um prédio. Ele se dirige a outro morador em forma de carta. Qual o motivo dessa carta?
Inferências Locais e Globais
Ao listar seus vizinhos de apartamento, o narrador cita o Oceano Atlântico como seu limite ao Sul. Esse elemento destoa do universo dos apartamentos. Por que ele cita o Oceano? Que comparação ele faz de si mesmo com Oceano?
Contexto de produção
¢  A crônica aborda temas do cotidiano. Em que momentos do texto percebemos isso?
¢  Embora seja uma crônica, a estrutura do texto lembra outro gênero. Qual?
Intertextualidade e Interdiscursividade

Ao explicar as obrigações do vizinho, ele cita uma série de números. O que significam os números 783, 109, 527 e 305? Como você chegou a essa conclusão?

Boa tarde pessoal,
    Participar do curso Melhor Gestão Melhor Ensino tem trazido a nós,educadores, a oportunidade de partilhar experiências e aprender sempre mais. Um bom exemplo disso são as sequências didáticas postadas em nossos blogs. Os grupos prepararam sequências didáticas fantásticas. Já tive a oportunidade de trabalhar a sequência didática feita pelo meu grupo, baseada na crônica "Recado ao Senhor 903", de Rubem Braga, com alunos do primeiro ano do ensino médio. O resultado foi muito positivo, visto que o assunto é muito contemporâneo, muitas salas lembraram do triste caso recente de um senhor (de um bairro de alto padrão em São Paulo) que matou um casal de vizinhos por causa do barulho e se matou em seguida. Segue o texto abaixo:

Recado ao senhor 903
Vizinho –
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor teria ainda ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser
tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou.” E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
(Rubem Braga)

sexta-feira, 14 de junho de 2013


TECNOLOGIA X EDUCADOR

Vivemos na era da tecnologia, terceiro milênio a internet  é o meio de nos comunicarmos com o mundo e interagir com as mais diversas pessoas e culturas. A era do imediatismo. É natural que os nossos jovens se interessem menos pela leitura.
                                                                                                                                                    O computador ocupou o lugar do livro: o tempo de estar sentado debaixo de uma árvore, no sofá com cobertor e uma xícara de chá lendo, ou ainda consultando enciclopédia que hoje são ações apreciadas por poucos, tornou-se saudosismo.

              
 Lecionando há 22 anos, estou repensando as minhas ações, sonhos e expectativas da minha profissão. Adequar a esta nova geração é interagir nas redes sociais, entender a linguagem, ideias e ideais desses jovens e contribuir com o meu melhor para eles. Lemos muito contos, crônicas, clássicos, artigos de opiniões, jornais. Conversamos, debatemos. Não é fácil, mas é a profissão que escolhi, que muitos(as) de nós escolhemos e ainda acreditamos.                           




                                                       
IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
            A leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores. É uma complexa produção de sentidos.
            É preciso estabelecer relação entre o conhecimento de mundo do leitor e as informações contidas no texto (reconhecer as intenções do autor, do sentido das palavras e a estrutura do texto). Dessa forma o leitor vai construindo o sentido utilizando como estratégias a seleção, antecipação, inferência e a verificação. Considerando esses fatores, implica uma pluralidade de sentidos em relação a um mesmo texto.
            Qual o motivo de ressaltar o que é sabido por todos? É que ao selecionar alguns depoimentos de personalidades de diferentes áreas sobre o papel da leitura e da escrita em suas vidas, fiquei curiosa e pesquisei sobre a vida deles.
    
            Observei que possuem um histórico de vida semelhante. Têm uma estrutura familiar sólida, situação financeira estável, valorizavam os estudos e a escola tinha outra função social. Formados, graduados. A minha mãe mesmo com pouco estudo sempre me acompanhou e exigiu de mim o meu melhor.  Neste contexto, a leitura passa a ter sentido e o objetivo como guia para alcançar alguma finalidade.

            Observei ainda, que tais escritores, com publicações de livros, livre docência, doutorados nunca entraram numa sala de aula, das primeiras séries iniciais até o ensino médio. Isso não desvaloriza suas palavras, atitudes, seus méritos. Acredito apenas que a educação teria outro rumo se houvesse mais pessoas com as experiências que temos (PEB I – PEB II), ou se ouvissem nossas vozes, nossas ideias. Às vezes penso que as coisas são impostas, posso estar errada!

Sequência Didática para desenvolver e ampliar a capacidade de leitura Público alvo: 8ª série/9º ano Texto: O Sonho dos Ratos – Rubem Alves 

1º momento: Levantamento de hipóteses sobre o título. a) A partir do título como você imagina que será a história? 2º momento: Leitura do texto a) Leitura compartilhada; b) Leitura pelo professor com adequação à pontuação e entonação de voz 3º momento: Comentários sobre autor e gênero textual O professor deverá fazer um breve comentário falando sobre o autor e o gênero textual a ser estudado ( Quem é o autor? O que ele costuma escrever? O que é uma crônica? Onde circula esse tipo de texto?). 4º momento: Análise do texto Perguntar aos alunos: a) O que é sonhar? Qual era o sonho dos ratos? b) Os ratos se organizaram para chegar ao queijo, houve um planejamento? O que aconteceu quando chegaram? c) O rato representa quem? E o gato? d) O texto faz uma crítica. A quê/a quem? 5º momento: Contextualização com a realidade social/política Brasileira a) Dividir a sala em grupos; b) Distribuir jornais e revistas aos grupos; c) Solicitar que localizem textos (notícias/reportagens) que retratem a realidade do país em relação ao tema discutido; d) Apresentação dos grupos. 6º momento: Intertextualidade a) Fazer a intertextualidade com a música “Ideologia” (Cazuza) e o poema “Eu tenho um sonho” (Urjana Shrestha). b) Instigar os alunos a refletirem sobre outros textos (fábulas, poemas, filmes, músicas, etc.) que retratem o tema. 

Eu tenho um sonho Eu tenho um sonho lutar pelos direitos dos homens Eu tenho um sonho tornar nosso mundo verde e limpinho Eu tenho um sonho de boa educação para as crianças Eu tenho um sonho de voar livre como um passarinho Eu tenho um sonho ter amigos de todas raças Eu tenho um sonho que o mundo viva em paz e em parte alguma haja guerra Eu tenho um sonho Acabar com a pobreza na Terra Eu tenho um sonho Eu tenho um monte de sonhos... Quero que todos se realizem Mas como? Marchemos de mãos dadas e ombro a ombro Para que os sonhos de todos se realizem! SHRESTHA, Urjana. 
Eu tenho um sonho. In: Jovens do mundo inteiro. Todos temos direitos: um livro de direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2000. p.10.
 Ideologia Cazuza 
 Meu partido É um coração partido E as ilusões Estão todas perdidas Os meus sonhos Foram todos vendidos Tão barato Que eu nem acredito Ah! eu nem acredito... Que aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Frequenta agora As festas do "Grand Monde"... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver... O meu prazer Agora é risco de vida Meu sex and drugs Não tem nenhum rock 'n' roll Eu vou pagar A conta do analista Pra nunca mais Ter que saber Quem eu sou Ah! saber quem eu sou.. Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Pra viver... Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver.. Ideologia! Pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver...

O sonho dos ratos da autor Rubem Alves Essa sequência didática foi feita pelo grupo em que trabalhei no encontro presencial.

Essa é a Sequência Didática do texto Pausa do autor Moacir Scliar

Sequência Didática do texto: Avestruz

Sequência didática do texto: Meu Primeiro Beijo do autor Antônio Barreto

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Tema da aula: Drogas

Texto de base:  A vida em Primeiro |Lugar - Drauzio Varella
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/saude/a-vida-em-primeiro-lugar. Acesso em 01/05/13

Texto base 2: SP: Governo anuncia internação compulsória de viciados em crack

Finalizo com a música O careta - Roberto Carlos, apresentada em slides  
"http://www.slideshare.net/slideshow/embed_code/22914678"

Sugestão de atividade para 1º ano do EM
Após trabalhar a técnica de redação Artigo de Opinião ( marcas discursivas, estrutura, etc.), proponho a leitura da notícia e depois do artigo de opinião acima indicados, proponho um debate sobre o assunto e finalizo com a música. Após essas etapas proponho que os alunos produzam um artigo de opinião sobre o tema. Na minha turma, trarei  uma notícia sobre o bolsa crack para que fique claro para os alunos que o gênero textual estudado nasce de uma notícia que causa polêmica, aí sim produzirão o texto.

Fica a sugestão de trabalho, já que enfrentamos o problema em nossas escolas.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

"http://www.slideshare.net/slideshow/embed_code/22872821"

Sequência Didática - texto Avestruz - Mario Prata, desenvolvida nos encontros presenciais do curso Melhor Gestão.

      

Pausa


     Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
            —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
            —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
            —Por que não vens almoçar?
            —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
            —Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
            —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
            —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. 
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
            — Já vai, seu Isidoro?
            —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
            —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
            —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
            —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)


Vídeo sobre a Sequência didática do texto Pausa do autor Moacir Scliar.


Frase do dia.



"Não existe o imperativo do verbo GOSTAR, pois ninguém pode pedir ou ordenar que você goste de algo: que goste de ler ou que goste de escrever..."

Texto: O Avestruz do autor Mario Prata

Avestruz
Mário Prata

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos,
uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em
Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era
minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino
conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo
impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se
entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A
avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz,
deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado
primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa
uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a
altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que
não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de
asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar
que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois
dedos em cada pé.
Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo.
Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente,
olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em
forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao
seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que
elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta,
entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com
TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da
minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de
avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo.
Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente,
inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo.
máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e,
principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai
bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz
por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho
mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2
Caderno aluno p. 9

Caderno do Professor p. 18
http://image.slidesharecdn.com/avestruz2-130612074759-phpapp02/95/slide-1-638.jpg?1371041294

terça-feira, 11 de junho de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Perfil da Tânia



Tânia Regina da Silva (cursista)

Mauá-Sp

RETRATO SINTÉTICO

Sou Tânia Regina, 49 anos, dois filhos maravilhosos de 6 e 15 anos. Sempre procurei educar meus filhos para que crescessem  pessoas felizes como pessoa e profissionalmente, honestas e crentes em Deus. As pessoas importantes na minha vida são os meus filhos e os meus pais, acima de tudo Deus.
Nos 22 anos de magistérios, nunca me arrependi de ser professora, sempre deixei claro para os alunos que pelo simples fato de serem meus alunos, já gosto demais deles. Isto não significa que não seja enérgica. Procuro ensinar partindo das dificuldades que eles têm. Ao longo desses anos adquiri uma habilidade de explicar o conteúdo, que ao término eles entendem, faz significado para eles. Além de gostar da minha disciplina procuro explicar com paixão. Não comento mais isso com colegas porque não acreditam, acham que quero me aparecer. Trabalho com vários gêneros textuais, aulas diferenciadas e tradicionais. Consigo agir assim mesmo com as dificuldades que todos passam: alunos falantes e indisciplinados, etc. Também reclamo, mas não me deixo abater pelo desânimo.
Outra coisa tenho observado a falta de tolerância e aulas desmotivadoras e passei a ter pena dos alunos, pois já basta a situação do meio social e familiar, a escola teria que ser um diferencial na vida deles. Muitos autores até podem escrever sobre isso, mas só quem está inserido numa situação dessas é que sabe.  Acredito que o professor tem que ser bom mesmo não sendo remunerado como merece ou ainda tendo a promoção automática a favor do aluno.
Então resolvi fazer Pedagogia, este curso e tantos outros que virão e colaborar para que esta realidade mude, mesmo sabendo que não será  fácil, pois os educadores, literalmente, estão doentes.
Estou me sentindo cheia de energia, cheia do espírito santo. Estou numa fase muito boa e quero degustar cada leitura, cada “autor”.




Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina  (Outubro, 1981)


  Achei que esse poema se encaixa perfeitamente nos assuntos tratados por nós, alunos do curso de Língua de Portuguesa, afinal, como educadores que somos, devemos recriar nossa vidas sempre, seja buscando aprender novas tecnologias, seja aprendendo com nossos colegas, seja aprendendo até mesmo com nossos alunos!

  Ah, que alegria teremos se pudermos ser capazes de viver nos corações de nossos alunos e das futuras gerações sedentas por aprendizagem...


Daniele P. Mazzini
Que sabedoria.



quinta-feira, 6 de junho de 2013

Minha experiência com a leitura e a escrita


    Meu interesse pelos livros começou assim que aprendi a ler. Minha mãe, para estimular comprou uma coleção de livros com vários contos de fadas. Li e reli tantas vezes aqueles livros que nem saberia dizer o quanto. Em pouco tempo eu já sabia todas as histórias e isso passou a me incomodar, como, naquela época, não dava para minha mãe comprar livros novos sempre, começamos a criar histórias oralmente, usando as mesmas personagens, os mesmos elementos, mas em situações diferentes. É o que eu vejo hoje em contos que viraram filmes, como Deu a louca na Chapeuzinho, Cinderela, etc. Quando li o depoimento do escritor Moacyr Scliar dizendo "Todos os dias eu sento e escrevo, mas nunca com o mesmo número de horas. Muita coisa eu jogo fora, pois acho que a cesta de lixo é a grande amiga do escritor.”, lembrei-me desse exercício que fazia com minha mãe. Embora fosse oralmente, por vezes começávamos uma história num dia e no outro já não gostava mais, então "jogávamos fora" e começávamos tudo de novo. Esse estímulo familiar foi fundamental para minha bagagem, seja na leitura, seja na escrita.
 
Abraços,
 
Daniele P. Mazzini

Minha breve apresentação


DANIELE PEREIRA MAZZINI (Cursista) 
Mauá-SP 

Olá pessoal, 

Sou mulher, mãe, educadora e nunca deixei de ser aluna, sempre aprendendo algo!

Leciono há apenas 6 anos e atualmente estou só na rede estadual, pois recentemente recebi a maior benção de Deus, que é a minha filha Marcella de 8 meses. Amo o que faço e faço com amor!

Abraços,

Daniele P. Mazzini

 
Maria Mendes Mendonça (cursista)
Mauá - SP

Olá, sou Maria Mendes, nasci em Minas Gerais, vim para São Paulo quando era adolescente. Aqui continuei meus estudos, minha formação é em Letras. Gosto muito do que faço.
 Meu filme preferido é o Resgate do Soldado Ryan. E meu filho tem o nome de Ryan, não sei se foi consciente ou inconsciente, por causa do filme, mas acho lindo esse nome, apesar de não falar com pronúncia americana.

 Livros: Entrega Especial recomeço da Danielle Steel. Adoro ler as crônicas de diversos autores e gosto muito de trabalhar texto que trata da crítica social. Nas horas vagas, que são raras, curto o meu filho que está com quase cinco anos.
Seja bem vindos ao nosso blog, interaja também, deixe seu depoimento.


Sugestão de leitura para nossos alunos

 Olá,

Segue Lista de livros para os vestibulares FUVEST e UNICAMP.



Obras literárias que serão abordadas nos Vestibulares Fuvest/ Unicamp (2013, 2014 e 2015):
  • Viagens na minha terra – Almeida Garrett;
  • Til – José de Alencar;
  • Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida;
  • Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis;
  • O cortiço - Aluísio Azevedo; 
  • A cidade e as serras - Eça de Queirós;
  • Vidas secas - Graciliano Ramos;
  • Capitães da areia – Jorge Amado;
  • Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade.
Silvana Parada Souza (Cursista) 
Mauá-SP 

Olá,
Sou professora da rede pública desde 1992, trabalhei também na rede particular no ensino fundamental e médio. Atualmente trabalho na E.E. João Ricardo Borges de Lima.  Sempre participo dos cursos oferecidos pela SEE, pois para mim, além da atualização profissional é um momento de compartilhar experiências.
Nas horas raras de folga, gosto de realizar atividades que envolvam natureza: parques, zoológico, praia... amo o cheiro do mar... o contato com animais e plantas me deixa zero bala pra aguentar a agitada rotina da escola.
Espero aprender bastante com meus colegas de turma e com os conteúdos deste curso.
Forte abraço.

Prô Silvana.

Newton Mesquita


Pintor
Da mesma forma como coloca sua alma nas imensas e maravilhosas telas que pinta, o arquiteto e artista plástico Newton Mesquita busca, na literatura, uma comunhão com o universo revelado pelo autor:
"Quando você vê um quadro e gosta muito, a sensação é a de que aquela imagem sempre esteve dentro de você. Com o texto é a mesma coisa: aquilo toca na sua essência e detona tantas ideias e fantasias que se torna parte de sua vida", explica.
A leitura e a música são fundamentais na vida desse prestigiado artista.
"Se eu pudesse ter mais duas profissões, gostaria de ser músico (já toquei piano em boates durante alguns anos) e de escrever muito bem, como o Rubem Fonseca".
Os livros me fascinam. Antigamente, quando eu era moleque, eles me pegavam pelas histórias, porque me davam a possibilidade de ir a outros países, conhecer outras civilizações, outras pessoas, ver como elas viveram, o que pensaram, descobriram e escreveram. Fui criado muito sozinho, e os livros eram meus companheiros. A leitura, nessa fase, é uma ginástica para a imaginação. Você fica imaginando os lugares, as situações, os personagens – alguns tornavam-se amigos íntimos meus. Meu filho se chama Pedro por causa do Pedrinho do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.


Esse foi um dos depoimentos que mais gostei.



Nina Horta


Dona de bufê e autora de vários livros sobre culinária
A influência da leitura em minha vida? Foi até um exagero. Muitas vezes deixei de ver ou de viver coisas concretas porque estava lendo sobre elas. Mas é que ler me dá um prazer muito grande mesmo. Sou viciada em leitura, e isso já se tornou parte de mim. Na minha casa, não dá para andar de tanto livro. E quando viajo levo uma batelada comigo (escondido do meu marido). Acho que, hoje, os livros são minha única tentação em matéria de consumo. Se quero comprar algo, é livro. Não consigo nem imaginar como teria sido minha vida sem eles, pois é deles que vêm quase todas as minhas referências.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Viagens da Imaginação

Viagens da Imaginação
O primeiro livro que li foi O Gigante Preguiçoso, de Vírginia Lefreve. Estava na 3ª série e foi um presente da professora por bom rendimento. Ela presenteava os três melhores alunos com um kit dentro de um saco plástico que vinha o livro, massa de modelar (luxo para a minha época e condição), um caderno de desenho pequeno, uma caixa de lápis de cor pequena com 12 unidades, uma caixa de canetinha Sylvapen de 6 unidades (lembram?) 

Como era boa essa época. O livro tenho até hoje e só quem passou por essa experiência sabe como é maravilhoso ter os esforços recompensados. A história é um ensinamento: dois irmãos (um de cada vez) saem em busca de aventura. O pai pergunta ao filho mais velho, no momento da partida, o que ele quer: “muita benção e pouco dinheiro ou muito dinheiro e pouca benção”. Ele fica com a segunda opção. Saí e chega a um reino perturbado por um gigante que só dorme e não cuida nem da casa, nem da roça o que gera muitas pragas que destroem as plantações do povo daquele reino. Preocupado, o rei promete a mão da filha em casamento a quem conseguir dar um jeito no gigante. O filho mais velho, tenta, mas não consegue porque o método usado é o de dar ordens e oferecer dinheiro. O gigante ri, come o dinheiro e o expulsa de suas terras. Ao voltar para casa, conta ao irmão a aventura e este resolve encarar. Já o filho mais novo, prefere muita benção e pouco dinheiro, e com muita sabedoria faz apostas com o gigante, e na brincadeira consegue fazer com que ele limpe toda a imundície e goste de viver na limpeza. Ganha a mão da princesa, se casa e vivem felizes para sempre.


Depois foram os livros da coleção Vaga-Lume, gosto de todos, mas o mais marcante foi A Ilha Perdida, de Maria José Dupré.


Aí foi a vez dos clássicos da literatura em especial os de José de Alencar e Machado de Assis. Desta fase, destaco o que mais me identifico Dom Casmurro.



Na faculdade foi a vez de me deliciar com Os Sertões de Euclides da Cunha.













E por aí vai... Hoje, minha autora preferida é Marina Colasanti. Destaco Uma Ideia Toda Azul e A Amizade Abana o Rabo.







Yargo de Jacqueline Susann é uma graça de história pra quem é fascinado por histórias de disco-voador como eu... Eu até já vi um... Conto a minha aventura com o disco-voador pros meus alunos, eles morrem de rir, perguntam quantas eu tinha bebido... Nos divertimos muito.


E finalmente o que não pode faltar, leitura para todas as horas e momentos... A Bíblia Sagrada.




Que nossos alunos possam viver essas e outras experiências de leitura.